JORNAL DO

Jahu, agosto de 2025
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COMPARTILHANDO: Uma canção para os pais
Esta inesquecível canção é, com certeza, apreciada por todos os pais e que também lembra-nos os pais que já partiram. Foi composta em 1944 pelo italiano, nascido em Veneza, Mário João Zandomenighi (1920/ 2006), mais conhecido como Mário Zan, em parceria com Arlindo Pinto (1906/1968);
Mário Zan não era violeiro e é provável que que jamais tenha tocado uma viola, mas tocava o acordeão com maestria. No entanto, é difícil encontrar um violeiro ou sanfoneiro que não execute uma canção desse ítalo-brasileiro que veio com a família para o Brasil quando tinha apenas quatro anos de idade e compos mais de cem canções no acordeon. . Entre os sucessos de Mário Zan estão o Hino comemorativo do IV Centenário de São Paulo, várias canções juninas, Chalana, Ciriema, Porque um homem não deve chorar; Capricho Cigano e outras mais
"Chalana" foi composta originalmente para acordeão e musicalmente representa o inicio de um movimento que culminou na fusão da música brasileira com a música paraguaia - chamada como música fronteiriça - que nos deu inúmeras e belíssimas páginas musicais. Ninguém melhor para interpretá-la do que Almir Sater, um dos maiores violeiros do Brasil
A cooperação dos leitores

Foto de Vicente João Pedro
NOSSO RIO JAHU
Therezinha Paiva A. Prado
Fiozinho d’água humilde,
Não sei quando e em que lugar,
Saiu para dar suas voltas,
Conhecer o chão e a mata,
Bem longe se aventurar.
Fiozinho d’água solto
Veio aqui serpentear
E terras valorizadas
Bem rápido conquistar
Riacho, depois ribeiro,
Logo um rio se tornnou
De pesca saudável cheio,
O pescador fascinou.
Em terra roxa distante,
Longe da praia e do mar,
Veio como os bandeirantes
Por aqui se aventurar.
Sereno, sem pretensão,
Viu nascer uma cidade,
Viu crescerem as amizades,
Viu florir a região.
Viu fileiras e fileiras
De cafezais (tão verdinhos!),
Cobrirem-se de floradas
Brancas, brancas, perfumadas,
Vestirem-se, bem faceiras,
De lindos grãos vermelhinhos.
A ponte velha era rústica,
De madeira, original,
Ligava ruas, amigos,
Tudo muito natural.
E ninguém nem suspeitava,
No alegre tempo em que estava,
Que o tempo estava a passar...
E passando o tempo todo,
Lá ia o rio a rolar...
E de tanto passar levou
Bambual e cachoeiras,
Barco, canoa, eucalipto,
Remador, porto de areia!
E ninguém se dava conta
Nem via o tempo passar.
E ele ai vai correndo,
Com suas águas iguais;
Na aparência sempre o mesmo
Mas o mesmo não é mais!
E quem sabe se algum dia
A mesma água voltasse
A passar e espelhasse
Imagens do que passou?
E quem sabe qualquer dia,
Estando o rio a olhar,
Percebesse alguém belezas
Que somente os mais atentos
Conseguem lá divisar?

Foto de Vicente João Pedro
JAÚ
Rosarita Di Giácomo e Auler
Jaú de João Ribeiro de Barros
Do antigo fazendeiro desbravador
Do colono trabalhador
Dos cafezais e depois canaviais
Das indústrias de calçado
Jaú, bem no coração de são Paulo
Localizado
Jaú da minha infância
Das ruas calçadas de pedra
Das carrocinhas passando
Com as rodas cantando
Das férias gostosas na fazenda do vovô
Da família toda se encontrando
Que alegria imensa
Apagando uma saudade intensa.
Jaú da adolescência:
Dos bailes deliciosos do Jahu Clube
Das amigas no lindo jardim da Câmara
Para bate-papos se encontrando
Jaú da minha mocidade e maturidade
Família formando
Filhos nascendo, crescendo, casando
Jaú do meu outono
Com a vida cheia de encanto
Netos nascendo como flores
Num canteiro de terra roxa
Desabrochando

PRA VOCÊ
Magó Galvão de Castro
Quando você me abraça
Somos nexo e convexo
A ostra e a pérola
Nas ondas do mar
Quando o amor explode
Em cores e ritmos
Somos rio e correnteza
E nas plácidas calmarias
Com nossos olhares cúmplices
Somos a amizade
E o bem querer
Pois amar é também
Um modo de viver

Foto de Vicente João Pedro
JAHU, MINHA TERRA
Maria T. Arruda Galvão de França
“Terra roxa é terra boa”,
- dizia sempre meu pai.
Terra boa que transforma
a dura lida da enxada
em brilhantes cafezais,
em doces canaviais!
Aqui nasci e vivi
minha vida quase inteira.
Nos pomares fui criança
e, jovem, neste teu chão,
cultivei minha esperança,
sonhei, levantei poeira
cavalgando nos teus campos
por dentre canaviais
com cheiro doce de mel.
Me banhei nos teus riachos
sob o intenso azul do céu.
E amei tua cidade
numa alegre mocidade:
tuas escolas, tuas praças
tuas igrejas, tua graça.
Recebe um dia meu corpo,
Adormecido na morte,
pois aqui, neste teu chão,
tive muito amor e sorte!
E quero findar meus dias
sentindo a tua poesia.

JONAS, MEU PAI
Maria T. Arruda Galvão de França
Amor não se esquece
e eu não o esqueço,
pois desde o começo
foi só coração!
Foi pai dedicado,
foi puro cuidado
- o amor proteção.
Depois foi o exemplo,
o respeito, a firmeza,
a repreensão,
a fé, a certeza,
o impulso, o apoio
- o amor direção.
Mais tarde - o amigo;
a paz, o abrigo;
o fiel conselheiro,
o bom jardineiro
experiente, contente
cuidando das flores,
dos seus e das dores
dos que padeciam;
que horas me dava,
e histórias contava
com senso de humor.
Os anos passaram
e nos meus cabelos
os fios branquearam,
mas sinto-o ainda
o meu protetor,
lembrança querida,
apoio e consolo
nas horas difíceis
e amargas da vida.

Foto de Vicente João Pedro
OS JARDINS DA MINHA INFÂNCIA
Magó Galvão de Castro
Quase setembro, primavera chegando, plantas e flores desabrochando num festival de cores e odores; árvores frondosas amenizando o calor.
Tudo isso me leva de volta aos jardins da minha cidade, dos quais lembro com saudades da minha infância e deles mesmos.
O Jardim de Baixo era mais longe de casa, tornou-se mais conhecido quando adolescente, pois era meu caminho ao Instituto de Educação. Nada de papai/mamãe levar de carro, era no “pé dois” e guarda chuva quando precisasse, mas valia a pena pois além de ser um percurso interessante para ver “os meninos”, seus bancos de madeira eram extremamente confortáveis para namorar. Havia um banco no início do jardim muito disputado pelos casais pois ficava embaixo de uma imensa árvore, só que de repente instalaram um poste bem ao lado do mesmo e acabou a festa, isso quando não era época de um certo delegado que expulsava os namorados às nove e meia da noite. Bem, nós tínhamos horário para chegar em casa e era mais ou menos o tempo certo para chegar até o lar-doce-lar, onde os pais estavam de olho no relógio. O traçado desse jardim continua o mesmo, mas os bancos não; inclusive é considerado perigoso à noite!
O Jardim de Cima era totalmente contornado com árvores enormes e grades ao seu redor. Lembro-me que na
fonte do mesmo habitava um sapo branco (de mármore?) que eu achava lindo.
Era uma aventura andar do lado de fora das grades, mas tinha que ser na Rua Visconde do Rio Branco porque na Lourenço a altura era perigosa para uma queda. Sei que havia “footing” dentro e fora do jardim com separação de classes ou raças, o que hoje é absolutamente impensável, mas que o jardim era lindo, isso era. Quando foi demolido e inaugurou-se um novo modelo, por volta de 1953, só era chamado de “Cemitério de Pistóia” pela quantidade de bancos de concreto naquele espaço árido. Não era mais um jardim. Atualmente o mesmo está em reforma mas desconheço o projeto, torcendo para que o verde seja contemplado.
É preocupante a falta de espaços verdes em nossa cidade sejam públicos ou privados. As residências são construídas sem jardim, sem espaço de terra para plantar uma simples roseira; será que é mais fácil lavar todo o quintal ladrilhado do que manter algumas árvores nos fundos dos mesmos? E a quantidade de água para esse serviço sem contar as pessoas que usam o esguicho por um bom tempo em suas calçadas!
Mas voltando aos jardins, o da Prefeitura não era dos mais freqüentados porém tinha um estilo francês com seus passeios em meio ao gramado com o pequeno prédio, uma construção bem antiga e possuía internamente uma escada de madeira que era uma obra de arte. Hoje é bem menor, os espaços públicos dão maior importância aos carros e seus condutores. O próprio Jardim do Parquinho ficou sem calçadas para pedestres dando lugar às vagas de estacionamento e inclusive está sujo e feio.
Enfim em tempos ecológicos percebe-se um certo descaso com o clima e a natureza fazendo-me lembrar da música de Carlos Paraná “Nem sequer uma rosa...”

Cândido Portinari
"NÃO BASTA ESTAR BEM, É PRECISO QUE TODOS ESTEJAM BEM"
Frei Jaime Bettega - Capuchinhos/RS
Enviados por Adriana Murgel
Para saciar a sede de vida e de amor, as buscas não podem ser resumidas na aquisição de coisas materiais. Para ser verdadeiramente feliz, algumas coisas são necessárias, mas nada pode substituir o amor ao próximo.
As pessoas que se dedicam à solidariedade são alegres, leves e espontâneas. É claro que ninguém vive de vento, mas também não há a necessidade de materializar o coração, tornando-o indiferente diante das dores da humanidade. Quando todos reservarem um tempo para fazer o bem ao próximo, o essencial preencherá os vazios que andam corroendo mentes e corações.
A vida é passageira, ficará somente o bem que cada um tiver feito. Não se trata de ações volumosas, mas de pequenos gestos que possam dizer ao outro, que está passando por dificuldades: ‘você existe para mim!’ O momento supõe coragem e capacidade de despir-se do orgulho e do individualismo para chegar ao âmago, lá onde o essencial faz acontecer o sentido da vida. Bênção! Paz & Bem! Santa Alegria! Abraço!

Vincent Van Gohg.
"O MUNDO É DE QUEM TEM CORAGEM"
Frei Jaime Bettega - Capuchinhos/RS
Tem gente sorrindo autenticamente, mesmo tendo feridas que quase ninguém sabe. Não se trata de não ter direito de sofrer e de se lamentar, mas de ser capaz de ressaltar aquilo que está ótimo em sua vida.
As feridas sangram, às vezes, mas a capacidade de sorrir ajuda na hora de aliviar a dor e de encontrar alternativas para continuar tocando em frente. A superação é um aprendizado diário, um exercício que desconhece interrupção. A busca por apoio e ajuda não deve ficar no esquecimento. Afinal, há uma interdependência entre todos, para que a leveza esteja presente no cotidiano. É sempre muito bom contar com um ouvido que está disposto a escutar, com um olhar que consola, com aquele silêncio que dispensa palavras e com o carinho que reaviva o desejo de viver. Ninguém está isento de feridas que fazem a alma sofrer. Mas todos são fortes o suficiente para não deixar o desânimo chegar. Viver é, de fato, incrível. Bênção! Paz & Bem! Santa Alegria! Abraço!

CORRENDO NA PRAIA
João Castro
Desde cedo, somos expostos à imagem idealizada de correr na praia, seja em filmes ou séries, onde os personagens, com corpos esculpidos, parecem radiantes e cheios de felicidade. Essa cena recorrente cria uma expectativa de que correr na areia à beira-mar é sinônimo de bem-estar e alegria garantida.
Quando tive uma pousada na Bahia, observei um comportamento curioso: muitos hóspedes preferiam deixar o café da manhã de lado para sair mais cedo
e caminhar ou correr na praia. Curiosamente, grande parte dessas pessoas não tinham o hábito de praticar exercícios regularmente, mas, ainda assim, se sentiam compelidas a despertar o “atleta interior”, muitas vezes mais pela busca da selfie perfeita do que pela prática esportiva em si.
Sabemos que a serotonina, o famoso “hormônio da felicidade”, é liberada pelo cérebro após a prática de exercícios, trazendo prazer e sensação de bem-estar. No entanto, não basta apenas correr para alcançar essa felicidade — é preciso também respeitar os limites do corpo.
Um exemplo interessante foi o caso de um viajante que batizamos de “Seu Zé”. Ele chegou à pousada com o objetivo de relaxar e aproveitar um
tempo sozinho, longe da rotina e da família.
No primeiro amanhecer, sem se alongar ou ter qualquer experiência prévia em corrida, “Seu Zé” decidiu sair para correr na areia. Nos primeiros cinco minutos, já sentia o vigor da corrida e a euforia que a prática proporciona, encantado com o mar e as ondas. Ele correu por mais de uma hora, deixando-se levar pelo ambiente e pelo ritmo dos outros corredores e caminhantes.
Ao retornar à pousada, satisfeito e suado, “Seu Zé” tomou um banho e logo ligou para a recepção, pedindo o número de uma farmácia. Ele precisava de analgésicos e antitérmicos, pois o excesso de esforço o pegou desprevenido. O resultado? Ele passou os quatro dias seguintes quase todo o tempo no quarto, cuidando das dores. Durante esse período, se distraiu observando o movimento da pousada e dando palpites sobre a gestão do lugar, algo que parecia lhe trazer algum consolo em meio ao desconforto.
Ao final da tarde, era comum ver tanto turistas quanto moradores locais caminhando ou correndo à beira-mar, principalmente no pôr do sol. Se essas corridas realmente traziam felicidade ou não, eu não sei. Mas o cenário era sempre poético, com casais caminhando de mãos dadas e pessoas correndo sozinhas, cada uma em busca de suas próprias razões.
Correr ou caminhar na praia pode, de fato, ser uma experiência prazerosa e relaxante, desde que sejam respeitadas as condições climáticas e os limites físicos de cada um. A temperatura e a umidade do local muitas vezes são traiçoeiras para o corpo desacostumado dos turistas. Assim, o segredo está em dosar a intensidade, respeitar as limitações e, quem sabe, encontrar um equilíbrio entre o corpo, o ambiente e o desejo de viver momentos felizes à beira-mar.
Afinal, a felicidade pode estar no simples ato de caminhar devagar, apreciando a brisa do mar, sem forçar demais. -


